quarta-feira, junho 29, 2011

O mundo é um moinho

Ilusões idióticas precisam ser combatidas por Quixotes e outros heróis.


PAISAGEM

Meu cérebro uma vez construiu uma casa, ela estava vazia,
apenas paredes e um teto feio, escura e sem janelas ou portas.

Ele adicionou então uma mesa, simples e vermelha,
colocando um vaso com uma única flor sobre este artefato.

Para que o ambiente não ficasse quieto, criou uma pequena abelha
rodeando a flor sem perfume ou sabor.

E por fim sentou-me numa cadeira, em meio à sala,
escura e com um zumbido estranho ao redor de uma flor de plástico.





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terça-feira, junho 28, 2011

1 + 1 = inf

Existe Matemática Pura?


MATEMÁTICA APLICADA


Dois corpos nus, fluídos e absolutos,
mesmo que praticamente em paralelo,
sempre encontram-se no infinito.



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quinta-feira, junho 16, 2011

Café a dois

Levanta-te e anda, já passou da hora de ir trabalhar...


ESPARTILHO


Por sobre a grama esverdeada e úmida, repousa
uma pequena joaninha,
pulando de folha em folha até suas pernas.


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quarta-feira, junho 15, 2011

Leitura a dois

Para ler com vinho tinto e boa companhia...


CARMIM


O cheiro forte inebria, perturba a alma, o corpo tenso,
o mundo em potência e gotas de suor.
Vamos, levanta ao alto, mostra tua beleza, tontura,
dedos para cima, entreabre tuas pétalas.
Desdobra tuas folhas, expande teu perfume,
seiva de teus galhos a derreter neurônios,
toda força em querer morder e cheirar.


Então, sobe mais um pouco, entreabre mais ainda,
mostre tudo e deixa que enfim toque o fundo,
o ponto mais baixo de teu interior.


Mesmo que o lírio ao lado mostre-se mais vivo,
e com perfumes a inundar,
teu broto é quem mais cativa
e clama por perdição,
como se abelhas toda em volta da colmeia,
um por um querendo entrar e retirar o mel.




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terça-feira, junho 14, 2011

A História, segundo Heráclito de Galileia

Como diria minha professora de História, é tudo verdade, se não for mentira. Inclusive a professora de História ter dito isso.


MUNDO A RODAR


Quando Agamenon entrou em Pompeia, achou tudo cinza,
ateou fogo no centro da cidade
e subiu a montanha em busca de outros deuses.


Alexandre, pasmo em absoluto, nunca pensou
que sua biblioteca fosse
tão ferozmente atacada por cupins.


Espártaco, por outro lado, achou melhor levantar
homens sobre seu ombro,
obtendo belas imagens de mulheres a se trocar.



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segunda-feira, junho 13, 2011

Poema para o fim da tarde

O barquinho vai, a tardinha cai, um poema sai:


TOCATA E FUGA


Fique, está cedo e ainda nem estrelas piscam,
uma nuvem encobre lentamente o sol
e as montanhas sobem em nossa visão.



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Uma banda para ouvir poemas

Quem me acompanha no twitter, sabe que gosto muito de ouvir músicas e músicas geralmente não-triviais. Tenho uma certa alergia à músicas simplistas, o que me distancia de sucessos prontos e músicas sem um compromisso maior com letra e harmonia. Como gosto de dizer, não fiquei ouvindo Bach em minha adolescência para ficar agora ouvindo modão sertanejo, ou musiquinha romântica de novela.

Ultimamente tenho ouvido muitas bancas que tem sido etiquetadas como Post-Rock. Em geral músicas instrumentais, que deixam a gente inebriado com o som. Uma dessas bandas é a God Is An Astronaut, que eu chamo de "profetas" no twitter. Então experimenta aí, o som é muito bom.




São irlandeses, e muito melhores que aquela outra banda de lá, me desculpem os fãs dela.

O doce aroma de um café ruim

Poucas coisas piores que um café ruim com cheiro bom...



MARTE COM CHANTILY


Um besouro caminha por sobre a calçada fria,
abre as asas
e decide que é melhor pular para o outro lado da cerca.



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Segunda-feira com poesia

Um poema para "animar" a segunda-feira:

O RIO SECO


Em margens áridas agora estamos, um mundocãopracachorro
em que peixes vem à tona para respirar fumaça,
uma água suja como nossas mentes,
uma água pouca como nossa fé,
uma água seca,
como nós.



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quarta-feira, junho 08, 2011

Uma fala após o silêncio

Eita, fiquei um certo tempo sem postar, muita correria por aqui. Vai um poema fresco, temperado e seco ao sol:


RORSCHACH


Nada diferente, apenas uma cópia de mim e de minha mente,
apenas um espelho de mim mesmo a sair por aí e popular meus olhos,
uma alegoria infinita de mins e egos a me rodear.


Em que enfim eu saia de mim mesmo e não veja mais que traços,
manchas estranhas que nada significam,
a não ser o que quero que sejam,
a não ser eu.


Olhe mais de perto, é só café, caiu e manchou,
nada que espelhe senão meu próprio reflexo, sou eu ardendo
e aguardando em vão por misericórdia minha.


Mas queimarei em meu próprio inferno até o final dos tempos,
pois que minha alma só merece a mim mesmo
e todos meus pecados hão de me crucificar em mim.



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