quarta-feira, fevereiro 23, 2011

A propósito de elefantes

Dois poemas incomodam muito mais

O CORVO

A angústia que sobe a tarde agora, respira, conte,
a vida que sopra em pulsos de pequenas agonias,

socos pequenos no peito, e voa, esvoaça,

essa escuridão chega agora em asas e assobia
fino, dói os ouvidos, chiado e ruído,

quando e agora para sempre, como se fosse um mesmo
dito pelo não dito, dito por tudo que acaba em pratos
quebrados e aves depenadas, cobras a passear,

como uma angústia no céu, nuvens e sol pálido.



Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

Um poema incomoda muita gente...

Um poema incomoda muita gente...

ALÍVIO


Venta forte lá fora, chuva em gotas pesadas, a grama molhada
e árvores em oração e temor.


E eis que se arranca da alma essa verdade contida, corrompida
por anos e anos de hipocrisia e soslaio.


Mas agora venta forte, lá fora a chuva derruba galhos e latas
e a água da chuva leva adiante papéis e chicletes.


Pois a verdade fugiu, foi para longe e agora não a conheço
nem mesmo com perfumes de deuses em pleno amor.


E ainda venta forte, ponho uma capa vagabunda no corpo,
molho os pés na enxurrada e lavo a cara com a água que cai.




Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Um poema com o espírito do dia

O poema não foi escrito hoje, acho que foi em novembro ou dezembro, mas está caindo como uma luva. 


CREDO

Não acredite na fé, ela moverá montanhas por sobre você
e lançará irmão contra irmão.

Não acredite no amor, ele foi inventado em palácios por
covardes que não lutaram por seu amor.

Não acredite na matéria, pois que o universo é nada,
e predomina o vazio.

Não acredite em seu ego, seus neurônios apenas te iludem,
para que penses que pensas.

E por fim, apague este poema, rasgue-o em trezentos pedaços
e viva sua vida plena de luz e agonia.




Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.