quinta-feira, dezembro 02, 2010

Poema para a tarde chuvosa

Mais um poema para a tarde chuvosa, escrito entre setembro e novembro:


CLARO COMO VINHO

Às vezes então uma visão vem e assombra, a mente nunca mais foi a mesma:
bêbada em sim, não se aguentando de vozes e pessoas
a caminhar pela cabeça, ébrio de vontade de gritar e gritar

e enfim só.

Mesmo que não se permitam outros goles ou outro porre daqueles.



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Poema para uma tarde chuvosa

Um poema, já escrito há um certo tempo, mas que combina bem com a tarde chuvosa, nublada, tempo esquisito:


GARGANTA


Esse grito agora não sai, fica preso em mim e resume-se a um eco,
um sibilo,
um fio de água pura e cristalina que incendeia ao menor toque,
chama azul.


Penetra a mente e invade os ossos, dói como a alma, gelada e inerte,
esperando
por uma explosão, um eco, um grito, uma voz, algo que a faça
espalhar partículas e ondas por um universo vazio, até que o tudo enfim
se disperse e reúna, como uma foto pálida de mim mesmo,
acinzentada.


Esse grito que mesmo assim não sai, arde como gelo, queima,
sobe as espinhas,
deixando voz seca, com vontade de gritar.


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quarta-feira, novembro 10, 2010

Um poema no meio da semana

Um poema escrito em julho ou agosto (não me lembro): 

MERCÚRIO

Teus olhos líquidos me encaram, dilatam-se,
navalha na carne, puro bisturi,
eis me agora em febre, fervendo os ossos,
dilui a mente em agonia, mundos em caos,
acende a chama interna, um frio terrível,
Dante me acompanha e ri de mim até agora.



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sexta-feira, novembro 05, 2010

Um final de semana dissonante ao leitor

Um poema para o final de semana, escrito também em julho (acho).

DISSONANTE


Nesse espelho, luz, reflexos sombrios, palidez em tons azulados de cinza,
e um cavalo esvoaçante em saltos trôpegos e arredios,
afinal o que estávamos mesmo olhando quando abriste a porta?


Sim, sei disso, mas não adianta mesmo, esse espelho pálido não tem conserto,
mostra você como é realmente, incluindo esse azul pálido na testa, e as cinzas
esvoaçantes de um papel queimado, como um cavalo pulando a cerca
e indo embora para outros pastos,
um cavalo que bebe água fresca em rios sem torneiras, sem mesmo,
e um assunto, qual era mesmo o assunto?


Não, tá errado isso, não era sobre isso, tinha um espelho quebrado, ou
estava apenas pálido e apagado,... sim era apenas você pálido em frente a
seu reflexo cinza, e um azulão pulando sua cerca e estilhaçando.


Cacos e pedaços de madeira de espelho para tudo quanto é lado.

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quinta-feira, novembro 04, 2010

Um poema para a quinta-feira

Um poema para a quinta-feira, escrito em julho:

O DEUS MORTO EM VÉSPERA DE FERIADO

Eu menti, disse que te criei a minha imagem e semelhança, mas foi mesmo um mero
descuido.

Barro que é pó, voltarás, enfim, resta descansar o sétimo dia em cima desta maldita
árvore.

Pois que esse tédio tamanho não completa, não elucida tua alma, vento que sopra
para longe
e enfim
volta para dentro de si, como se agora não restasse mesmo mais nada a fazer.



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quarta-feira, julho 14, 2010

Mais um poema

Mais um poema para a quarta, também escrito em abril ou maio:

ESQUINA

Uma vida de conectivos, e vai,
e pensa num momento em como a morte se encaixa
nesses passos discretos,

passo a passo,

indo e indo e indo,

ponto a ponto até que a mente se confunda e pense que tudo continua.



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E um outro poema para aliviar a quarta-feira

Um poema escrito em maio ou abril, não recordo, mas que reflete bem esta quarta-feira:

PENUMBRA

Uma sílaba de trovão não tem a chuva,
nem mesmo venta,
somente sonhos de assalto e que não abrem o paraquedas
enquanto não avistam flores sobre o chão.





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domingo, abril 18, 2010

Para quem quer copiar os poemas

Se você quer copiar os poemas de minha autoria publicados neste site, sinta-se à vontade, desde que não faça uso comercial dos mesmos e que informe o autor e onde os poemas foram obtidos. Para ser mais exato, esses poemas estão licenciados sob  uma Licença Creative Commons:

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Esclareço que entendo, a princípio, que o uso do poema como epígrafe, ou análises não constituem uso comercial.  Por uso comercial, entendo que você não pode copiar um poema daqui para vender em algum livro de coletâneas, por exemplo. Ou ainda, utilizá-los, sem minha permissão para montar uma peça teatral ou algo gênero.

Uma última coisa: caso você copie algum poema que goste, seja gentil e informe nos comentários, ficarei grato em saber.

Um poema com toque de psicodelia

Poema escrito recentemente, há menos de uma semana. Apesar de não ter havido qualquer intenção durante a escrita, não consigo deixar de ver traços de psicodelia no mesmo.


BALANÇO

Meu desejo se contenta com uma alegria falsa, que entremeia sementes nesse chão, eu vi,
agora,
que meu desejo não se contenta comigo, mesmo, mesmo que eu tente e tente e tente e tente,
não vai.

Olhar sobre os montes, nuvens, neblina,
cansaço tênue sob esse sol
que nem mais queima
a pele e a alma,
vento frio.

Meu desejo se contenta com uma tristeza falsa, que sobe aos céus, está acentada à direita
de meu gás,
que volta a boca, borbulhas sulfurantes, o mal cheiro, o falso calor, o medo por dentro
da pele.

Não mais,
agora e todo o sempre
o mundo repousa sobre fracos pensares
e teus dizeres sobre pombas esvoaçantes
hão de cair em cima de cabeças e corpos sem cabeça.



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terça-feira, abril 13, 2010

Um poema depois do silêncio

 Este foi escrito faz duas semanas.

VINGANÇA

Eu terminei agora, foi-se,
sento e relaxo à sombra deste descanso pequeno,
enquanto ainda resta fôlego para puxar esta vida para dentro,
até que eu me redima de mim mesmo e resolva ir embora por de toda uma vez.


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terça-feira, março 30, 2010

Mais um poema,

Este demorou mais de semana para ser concluído, apesar de pequeno, foi trabalhoso:


CARNÍVORA

Eis que folha, entreaberta, seduz,
perfume que não deixa pensar, inebria.

Pétala que se move, tentação,
como se o olho piscasse, os dedos a chamar.

Inseto eu, desprotegido, o sol
a chamar, hipnose e transe em pleno vôo.

E enfim morte, súbita, em tais pétalas,
confortado por néctar e perfumes.

quarta-feira, março 24, 2010

Mais um Poema

Semana passada foi meio sufocante, estive em BH e Sampa na mesma semana, um cansaço que só. O poema que se segue foi escrito no dia 5 de março, uma sexta-feira, se não estou enganado:


OCEANO

Todas as estrelas explodem à noite, morrem lentamente e com violência extrema,
puro fervilhar.

Nenhuma te envia uma única carta, um alô, um bilhete mal escrito que seja,
nem ligam.

Pulsam,
e esquentam sua alma fria num universo sombrio
e só.

Espalham
com preguiça sua parca luz em lanças viscerais, chamas em puro mantra.

Brilhos
e requipes de tambores no coração de gás e metal a queimar, como você.

Pois que um dia afinal explodirá tudo e para todo sempre poeira e luz.

segunda-feira, março 08, 2010

Para começar a semana

Este foi escrito na segunda-feira passada:

DECEPÇÃO

Esta chuva não são lágrimas, não representam o meu peito
ou minha cara pálida, com essa luz lateral amarela,
emsombreada pelos livros caidos na estante.

Esse vento frio não é angústia, não representa minha
cabeça cansada pelos dias que passam e nunca voltam,
mas repetem o mesmo motivo e razão.

Agora este sou eu, eu acho, pálido com essa fraca luz,
pálido como essa tosca lâmpada, que resiste em me iluminar.

sexta-feira, março 05, 2010

Para fechar o dia

Este também foi escrito na sexta-feira da semana passada (dia produtivo, não??):


PLUGUE E REZE

Assim seja, você do lado de fora desse mundo cãopracachorrovadio,
vermes, poeira, pó, zunido de moscas e o cheiro
que interrompe o nariz, sufoca o peito,
desespero.

Em que agora estamos sós por terras estranhas,
estamos muito sós, apenas você
e essa terra entranha, garganta seca, joelhos cansados e doídos,
o céu pleno em cruz.

Mais um para o final de semana

Este também foi escrito na sexta-feira da semana passada:


BATICUM


Batem à porta, vá atender, pode ser a vida querendo entrar
e espiar pelos cantos
se tem alguém em casa esperando por ela.

Uma produção demorada

Acreditem ou não esse poema demorou quase um ano para ser escrito, a idéia ficou amadurecendo até poder finalmente tomar forma, na sexta-feira da semana passada.


O DEUS NA QUINTA CASA, DECIMAL

é obviamente um erro, o autor se enganou, vírgulas fora de lugar, frases
que não combinam bem, um violino desafinado tocando uma música chata
e frases, frases, palavras sem qualquer senso de união

(mira agora e veja que nem tem algo assim por aí, um número
não pode ser um deus, e Pitágoras estava errado).

Mas se agora há silêncio, não é por ausência de pássaros a cantar lá fora,
mais fácil tua mente por sobre as águas, a olhar os peixes a navegar,
mantra interno de frescor e ondular

(mira, de novo, e veja que de fato nada é um número, nem mesmo
o nada, tudo agora em paz e para sempre, trovão).

De fato nem se consegue, imagina, como o autor nisso supõe, tão
estranho como libélulas, essas, que voam agora lá fora. Com certeza,
um equívoco, um erro tão grande, a ponto de levar o deus na sexta casa, decimal.


Um poema para o final de semana

Quase não postei nada esta semana, início de aulas, fazer planos de aula, etc.  Vai um poema de quinta-feira da semana passada:


FURACÃO

E uma alma atravessa calmamente a rua,
enquanto lençóis ao varal tremulam
imitando o balé das borboletas ao vento.

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Um poema de Rimbaud

Um poema de Artur Rimbaud para inspirar a sexta-feira, extraído da parte inicial do clássico "Uma estação no inferno":

Antigamente, se bem me lembro, minha vida era um festim no qual todos os corações exultavam, no qual corriam todos os vinhos.

Uma noite, sentei a Beleza em meus joelhos. - E achei-a amarga. - E injuriei-a.

Armei-me contra a justiça.

Fugi. Ó feiticeiras. ó miséria, ó ódio, a vós é que foi confiado o meu tesouro!

Tudo fiz para que se desvanecesse em meu espírito a esperança humana. Como um animal feroz, investi cegamente contra a alegria para estrangulá-la.

Conjurei os verdugos para morder, na minha agonia, a culatra de seus fuzis. Conjurei as pragas, para afogar-me na areia, no sangue. Fiz da desgraça a minha divindade. Refocilei na lama. Enxuguei-me ao ar do crime. E preguei boas peças à loucura.
E a primavera trouxe-me o horrível gargalhar do idiota. Ora, por último, chegando a ponto de quase fazer o trejeito final, sonhei encontrar a chave do festim antigo, no qual talvez recobraria o apetite.

A caridade é essa chave. - Esta inspiração prova que tenho sonhado!

"Sempre serás hiena, etc..." exclama o demônio que me coroou de tão amáveis papoulas. "Vence a morte com todos os teus apetites, com todo o teu egoísmo e todos os pecados capitais".

Ah! estou farto de tudo isso: - Mas, querido Satã, eu te conjuro a que não me fites com pupila tão irritada! e à espera das pequenas covardias atrasadas, para vós outros que admirais no escritor a ausência das faculdades descritivas ou pedagógicas, para vós arranco algumas hediondas páginas do meu caderno decondenado.

Não sei de quem essa tradução, existem pelo menos mais duas traduções desse texto para o Português. O texto integral de Uma Temporada no Inferno nessa tradução anônima pode ser encontrada no Scribd ou no Domínio Público. Está esperando o que para ler o texto integral?

Ah, sim!!! Se você souber quem é o responsável pela tradução, informe para que eu possa informar os créditos aqui.

Um poema amanhecido

Esse foi escrito ontem à tardezinha:


VISÃO SOB OS MONTES

Cai muita água por aqui agora, como dentro do peito
jorra um sentimento asfixiante
que sobe à garganta.

Pois que mesmo plantas que precisam de água,
pois que mesmo o solo seco que precisa do orvalho,
mesmo assim,
aperta.

E cai muita água, lágrimas de uma nuvem parda,
um céu em pequenos pedaços de agonia,
e o frio brando dessas gotas.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

E mais um poema

Esse foi começado anteontem e terminado ontem (estão pensando que escrever poesia é coisa instantânea???):


SUOR

Respira a pele sob fardos mantos, calor
insuportável no âmago.

Ferve a mente em delírios, viagens ao centro,
retorna à pele em forma de água e sal.

A roupa, molhada, como a alma em rios de lágrimas,
temporais e trovões vindos do peito.

Em que nada refresque desgostos e tristezas.

Poema fresquinho

Esse aqui é de anteontem:


NEBLINA

Uma mente sem medo é um monte de alegorias
para um trem passando em cima de vontades.

A vida em controle,
remontando aos poucos,
voando, para dentro
cada vez mais.

Uma mente sem medo é uma nuvem de lembranças
tristes e cheias de pó vermelho e seco.

A morte em remoto,
controlando em muito,
planando, para fora,
de menos a menos.


Uma mente sem medo é uma coisa de dar medo
em folhas soltas sobre o chão.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Um outro poema

Esse é do final do ano passado, novembro:


CONTIGO

Sua vez, jogue, não posso esperar tanto,
uma vez mais o céu não parece com nada dantes,
nada depois.

Jogue.

Minha vez, seu tempo acabou, não posso esperar tanto,
uma vez mais o céu é como sempre foi, será,
nada antes.

Jogue.

Nossa vez, nosso tempo acabou, finito jogo,
sem céu para nenhum de nós dois por todo o tempo
que foi e será.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Um poema acadêmico

Escrevi este poema em setembro do ano passado, quando da entrega da versão final da tese.


A PROPÓSITO DE ECO

Eis o porco: ele está morto e temperado,
assado foi em vários espetos,
e agora espera o seu apetite.

Mas o porco não termina em si, existem outros porcos
que nasceram de sua semente suína
e esperam o dia de suas próprias fogueiras.