quinta-feira, março 31, 2011

A via é de leite e mel

Geralmente não costumo comentar sobre o processo de criação, penso que um bom poema é um filho pródigo e tem tantos significados quantos leitores diferentes.  Mas este aqui foi escrito num daqueles momentos de perceber que somos praticamente nada frente à imensidão do universo. Leia a notícia inspiradora (dica: leia o poema antes da notícia).


DUAS BOLHAS

E agora que meu universo aumentou, como vou cabê-lo todo
dentro
de mim?

Eu que já não me caibo de erros, pecados e medos,
como vou me conter?

Por mais que supernovas venham e me apontem o apogeu da alma,
meu âmago resiste
com frio
e temor,

um buraco negro que a mim mesmo consome,
e tudo em meu redor,

como se implodisse e explodisse agora e para sempre,
já foi.

E que enfim nasça agora aquilo que nunca veio ao mundo
ou mesmo virá.




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quinta-feira, março 24, 2011

Varrendo o teto

Muito trabalho, antes que o blog crie teias, um poema:


PAPEL DE PRESENTE

Enfim que agora chegastes, partirás?
Para onde enfim que viestes, para que mundos desbravarás
tua alma e teu corpo?

Pois que enfim, chegastes, e já queres partir,
nem ao menos te desembrulhas para mim,
laço por laço, idéia por cabeça,

queres sair como se o mundo fosse apenas o brinquedo que sempre
pedistes
ao mundo,

este que te possui e te inflama e te abre
em pedaços, nem reclamas,
pois que a mim me sobra
apenas uma caixa,
e ficar,
só.



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